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Em 2000, além de ser um
marco no underground britânico, o ep Refining The Theory
foi também responsável pelas comparações precipitadas entre
o Miocene, Deftones e
Tool, e o que para a imprensa local era
motivo de glória e rasgação de seda, para a banda era motivo
de se distanciar de rótulos e mostrar realmente a que vieram.
Depois de inúmeras apresentações divulgando este primeiro
registro, solidificando-se como uma das maiores bandas do
underground de Londres, a banda lança Cellular Memory
em 2002, o segundo ep, 80% instrumental com uma série de
sonoridades distintas, com muita influência de música
eletrônica, percussão, violino... Era perceptível a evolução
pela qual o Miocene havia passado,
transformando-se em algo mais complexo, sendo citado por
Darren Taylor (editor da RockSound) como um link perdido
entre DJ Shadow e Tool.
Depois de abrir mão do contrato com um selo mais conceituado
devido a exigências por músicas mais curtas, Miocene
ressurge em 2005 com o seu primeiro álbum, muito mais maduro,
difícil de se rotular e com músicas de até 12 minutos de
duração. A Perfect Life With A View Of A Swamp tem
pouco mais de 1 hora de duração, com 14 músicas recheadas de
passagens disputando entre drum'n'bass e metal, dando
continuidade ao trabalho já executado em
Refining The Theory e Cellular Memory, mas
desta vez tudo num só pacote. Todos os elementos presentes
nos dois eps anteriores estão condensados neste álbum,
gritos, vocais calmos, guitarras pesadas, groove,
drum’n’bass, tudo o que já se ouviu de Miocene,
está em A Perfect Life..., e melhor do que nunca.
Frases fortes, metáforas,
ironias e protestos continuam sendo trabalhados de maneira
exemplar nas letras das músicas distribuídas ao longo de
todo o álbum, este é o Miocene que fez
Why Metal Sucks In 2002, música do segundo álbum, e
Why Emo Sucks in 2003, piada que rolou em um dos
eventos que marcaram a volta da banda aos palcos, depois do
sumiço após o segundo lançamento. Autopia, a pesada
terceira faixa, lembra a fase do primeiro ep, com guitarras
fortes e riffs travados, gritos rasgados e bateria inquieta.
É com certeza um dos sons mais marcantes de todo o álbum,
lado a lado com Dyonisus (muito melhor que a demo
de 2003) e The Fall. Vale destacar as músicas
dançantes do álbum, formadas por uma massa sonora densa de
samplers e intrumentos.
Enfim, A Perfect Life
With A View Of A Swamp é realmente perfeito para
pessoas que não se prendem a rótulos e tem paciência com
músicas grandes e mudanças repentinas no andamento e
execução dos sons, e do contrário, corre-se o risco de
curtir apenas metade de todo o seu potencial.
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